terça-feira, 25 de dezembro de 2012

E a família, como está?


A diferença entre saber e viver
Família Azevedo da Silva com minha avó materna em Barretos-SP
Hoje pela manhã abri minha caixinha de mensagens positivas que fica sobre a minha mesa de trabalho e tirei uma mensagem de forma aleatória com os seguintes dizeres: “Há uma grande diferença entre saber e viver. Não adianta você saber o que é família se você não vive a família”.
Uma mensagem direta e profunda, que nos leva imediatamente a algumas reflexões. “E a família, como está?” acredito que muitos de vocês já foram perguntados assim. Normalmente respondemos que vão bem. Mas, neste caso o que significa “vão bem”?
Talvez antes de respondermos esta questão, seria interessante falarmos primeiro sobre o que é família. Para você amigo leitor, o que é família? Proponho que antes de continuarmos este estudo, por alguns instantes você fechasse os olhos e fizesse esta pergunta para si mesmo, buscando a resposta no recôndito do seu silêncio profundo.
A resposta variará de pessoa para pessoa, já que cada um tem a sua própria história de vida. Gostaria, no entanto, que tendo a sua própria resposta como ponto de partida a comparasse com as reflexões a seguir e chegasse a uma conclusão mais consistente.

Familiares – Um dia você sentirá falta deles
Costumo dizer em minhas palestras quando estou falando a respeito da relação entre pais e filhos o seguinte: “Não importa como sejam seus pais, um dia você sentirá falta deles”. Normalmente esta frase causa forte impacto nos ouvintes. Mas pensando bem, isto não se aplica apenas na relação entre pais e filhos, mas na relação familiar como um todo.
Nunca me esqueço de uma experiência que vivi na Academia Sul Americana de Treinamento Espiritual de Ibiúna-SP. Estava como orientador adjunto de um Seminário para Jovens e numa das palestras abordei, conforme o tema, questões ligadas à relação familiar, quando citei esta frase muitos jovens se emocionaram e começaram a chorar.
Terminada a palestra enquanto saia da sala dos orientadores em direção ao Salão Nobre fui abordado por uma jovem que chorava compulsivamente. Ela falava com dificuldade devido ao choro, eu só entendia: “Dói muito”. Depois de um tempo ela se acalmou um pouco e contou-me o motivo de tanta dor. Entre quatro irmãos, ela era a única mulher e a caçula. Sempre se deu bem com os irmãos, mas com o mais velho a relação era ainda mais especial, ela era a “menininha” dele.
Mas quando chegou à adolescência começaram os problemas, pois ele tinha muito ciúmes dela. Num final de tarde após as aulas, seu namorado (ninguém na família dela sabia) quis acompanha-la até próximo a sua casa. Enquanto se despediam, acabaram dando um beijo mais demorado e justamente neste momento ela ouviu alguém que passava por eles dizer: “Que pouca vergonha”. Reconheceu na hora a voz deste irmão e então ela disse para o rapaz: “Corre com toda a força que você tem”.
Não conseguindo alcançá-lo, voltou ainda mais furioso e enquanto retornavam para casa proferia palavras duras e ásperas contra a irmã. Estas palavras a magoaram profundamente. No dia seguinte quando acordou ouviu a sua mãe dando uma bronca no irmão dizendo que ele havia extrapolado todos os limites e que por isso, deveria se desculpar com a irmã, já que ela era uma garota maravilhosa.
Reconhecendo que havia exagerado a procurou para se desculpar, mas ela não conseguiu perdoá-lo e disse que nem que ele morresse ela o perdoaria. O tempo passou a relação entre os dois não apresentou nenhuma melhora, embora por vezes ele tentasse a reconciliação.
Num sábado pela manhã, mais uma vez ele a procurou e como pensou que ela não o estivesse escutando, pois estava com o fone de ouvido, disse: “Como minha menininha cresceu... se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente. Se um dia você me perdoasse... quem sabe eu não voltaria a sentir-me feliz”. Quando ele terminou de falar, virou as costas e saiu.
Ela disse que teve vontade de sair correndo, pular no pescoço dele, dar-lhe um beijo e dizer: “Eu já te perdoei. Eu também sinto a tua falta”. Mas, outro pensamento veio a sua mente: “Deixe para fazer isso da próxima vez que ele te procurar, é bom para que ele aprenda um pouco mais”.
Porém, poucas horas depois ela recebeu a notícia que este irmão havia sofrido um grave acidente de moto e que o estado de saúde dele era gravíssimo. A verdade, no entanto, é que ele havia falecido no local do acidente. O desespero tomou conta de sua alma, pois ela pensava: “era só eu ter dito que já o havia perdoado”.

A verdadeira Vida jamais morre!
Fiquei muito comovido com sua história e expliquei-lhe sobre o ensinamento da Seicho-No-Ie que a vida verdadeira não começa quando a gente nasce, nem termina quando a gente morre.  Que mesmo estando separados fisicamente, espiritualmente continuavam ligados pelo laço de amor e sugeri que ela fechasse os olhos e dissesse para este irmão tudo o que estava no seu coração. Ela assim o fez na mesma hora e digo-lhes que foi a mais bela declaração de amor que ouvi até hoje.
Terminada a declaração de amor e perdão era visível a mudança em sua fisionomia. Irradiava luz de seu rosto e um lindo sorriso deixava claro o seu renascimento.
Às vezes penso que um dos motivos de não sabermos quando regressaremos para o mundo espiritual, seja justamente para que vivamos cada momento da nossa vida como se fosse o último. Quando analisamos desta forma, observe como às vezes perdemos tempo precioso dando importância àquilo que não tem importância.
E o que tem importância? A família sem dúvida alguma. É nela que encontramos refúgio depois de um dia inteiro de trabalho e dificuldades, ela é o nosso porto seguro. Muitas pessoas desprezam a própria família, relegam-na ao segundo e terceiro plano. Mas, no final da vida, a única coisa real e concreta que nos resta é justamente a família.

Fomos nós quem escolhemos este lar para nascer
Aniversário de 12 anos do meu filho Gustavo
O prof. Seicho Taniguchi em seu livro Você pode se tornar uma pessoa maravilhosa, explica que não importa como sejam os nossos pais, fomos nós quem escolhemos este lar e esta família para nascer. Como disse há pouco, a nossa vida verdadeira não é este corpo carnal, somos espírito e foi o nosso espírito que escolheu este lar e esta família.
Ele diz ainda que isso acontece de forma natural, exatamente de acordo com a lei mental “Os semelhantes se atraem” e que não existem exceções. Isto é a mais pura verdade. Não existe aquilo que chamamos de acaso. O que chamamos de acaso nada mais é que a manifestação da lei da mente de causa e efeito, ou semelhantes atraem semelhantes.
Se você deseja ser realmente feliz comece por reconhecer o quanto você é abençoado por ter esta família. Não importa as condições que você chegou até ela. Não importa se o seu nascimento foi ansiosamente aguardado ou se foi rejeitado. Se você é filho de sangue ou se é filho do coração, ou seja, adotivo. Se você foi criado por seus pais ou avós, ou ainda por tios ou irmão(ã). Isto é o que menos importância tem. O fato é que você chegou até esta família por possuir uma grande missão: ser o anjo pacificador e agregador.
Portanto, entenda que a melhor opção que você tem é conforme diz o prof. Seicho Taniguchi: “Ao lado dos pais que você próprio escolheu, poderá melhor aprimorar a sua alma e manifestar cada vez mais a maravilhosa qualidade de filho de Deus.
Continue o estudo da vida dentro do seu lar, onde você está agora, com alegria e determinação, e manifeste o quanto antes a maravilhosa essência de filho de Deus. Não há outro caminho além desse para você se tornar feliz”.
Então vai agora abraçar o teu pai, a tua mãe, o teu irmão ou tua irmã. Perdoe se for caso, e lembre-se “exija que o outro seja perfeito no dia que você for perfeito”. Sim, somos perfeitos em nossa Imagem Verdadeira, mas não podemos dizer que somos perfeitos em nosso aspecto fenomênico. Portanto, seja mais flexível, afinal de contas, somos todos “alunos” matriculados na grande escola da vida.
Muito obrigado!

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